O Sesc recebeu, nesta semana, uma celebração simbólica: os 25 anos de Capão Pecado, livro de estreia de Ferréz que marcou a literatura periférica no Brasil e deu voz a vivências da quebrada paulistana. Mais do que um evento de homenagem, a ocasião serviu para olhar adiante. O escritor anunciou planos ousados que, segundo ele, devem impactar não apenas as próximas décadas de sua carreira, mas também o futuro da cultura produzida nas periferias.

Publicado em 2000, Capão Pecado trouxe para o centro do debate uma narrativa inédita sobre a realidade das favelas e vielas de São Paulo, rompendo padrões do mercado editorial e inaugurando um movimento de literatura marginal que segue inspirando novas gerações.

Novos projetos e expansão coletiva

Durante a celebração, Ferréz revelou que está prestes a lançar uma nova empresa, prevista para dezembro, com a proposta de ampliar o alcance cultural da periferia sem barreiras ou filtros impostos pelo mercado tradicional. “A gente tem que fazer do nosso jeito, sem limites, porque a periferia não pode mais ficar esperando autorização”, afirmou.

O escritor também destacou o desejo de criar uma verdadeira “dinastia da quebrada”, eternizando nomes e histórias que reflitam a potência cultural das comunidades. Ele reforçou ainda a expansão de projetos já existentes, como a Comix Zone e a marca 1Dasul, além do lançamento de um novo site e parcerias estratégicas voltadas para o fortalecimento coletivo. “Tem que ser bom para muita gente, não adianta só para poucos”, completou.

Reconhecimento além das fronteiras

Autor de obras como Manual prático do ódio, Ninguém é inocente em São Paulo e Deus foi almoçar, Ferréz já teve seus livros traduzidos em países como Itália, Alemanha, França, Portugal, Inglaterra, Espanha e Estados Unidos. Essa circulação internacional consolidou sua posição como um dos principais representantes da literatura contemporânea brasileira.

Ao celebrar o marco de 25 anos de Capão Pecado e anunciar seus próximos passos, Ferréz reafirma sua trajetória como protagonista da literatura periférica, ao mesmo tempo em que projeta o fortalecimento de um movimento cultural que atravessará gerações e fronteiras.